27 de nov. de 2006



"Corroendo
As grandes escadas
Da minha alma.
Água. Como te chamas?
Tempo."
(Hilda Hilst)


Antes que o mundo esqueça da minha figura (ainda um esboço), risco mais forte o meu papel, aquele de dentro, onde ninguém consegue ver. Sinto minhas próprias linhas densas, breves e verdes. Espremo o sumo até molhar o corpo. O melhor é bem fundo, perto da semente. Não desanimo o solo, ele segura firme os meus pés.

Há esta busca em brasa, de altos e baixos: profundezas e superfícies.
Há o constante e o que não é fácil à pele: abismo do desdito.

Há tantos dias imensos...

28 de novembro, dia de aniversário: aproveito para agradecer ao universo pelo ano, primordialmente, por ter tal qual um oráculo, revelado grande parte do meu próprio abismo e me feito mais forte.

Agradeço, num grito verdadeiro, a presença valiosa dos amigos, aqui e ali, sempre!!
O que seria de mim? Um sopro que se esvai.


Hoje aqui:
http://www.focando.jor.br/?p=213
o que ainda não sei do amor

Escrito por Leila Andrade 10:08 PM

 
24 de nov. de 2006




Tudo se move.
Eles à margem: beira de abismo.
Levem-me daqui. Longe.
Pensamento de cobra o meu:
era um grito na madrugada. Pesadelo.
Eles não existem. Eu acompanho.
Garganta seca. Preces vãs.

Vulgares dias.

Escrito por Leila Andrade 9:03 AM

 
20 de nov. de 2006




Lado escuro, madrugada plena,
enquanto durmo silenciosamente o corpo,
rituais noturnos a alma conduz.

O que disse, a carne pergunta,
eu quis sorrir para o lado melhor que encontrei,
e nem havia ainda a palavra amor.

Lado escuro, madrugada plena,
Desassossego ou incômodo lunar,
a noite é imensa e meu sangue é mel.

Escrito por Leila Andrade 9:07 AM

 
7 de nov. de 2006



A briga insana, no fundo-meio da terra, desfazendo reino em barro.
Trago-te tantos deuses coloridos e nem chegas a saber de que lado vem a sorte.
Apenas sabes das mortes. É pouco.


A terra é forte. Não sentiu os meus medos na ponta dos dedos, não experimentou o movimento, nem o que é suave do amor, tudo junto em ondas, fortaleza, furacão.
Um extremo de estrelas bem perto do chão.

O desespero era algo por satisfazer carne-alma nua.
Nada ameaça a força, hoje, livre por amor. Outro dia longo, enganando a energia que toma conta de cada pedaço que vive.
Tenho toda a força do mundo ao meu redor. Aqui.
Força feita do número um, da escola mais rígida da casa, minhas irmãs, do andar mais elevado dos erros.

Surge o desfecho para um enredo não começado, escasso momento de olhos cruzados, o segundo, a escolha e a fera ferida.
Alimento o fim com imagens, para acabarmos sem os nomes ligados em algum lugar no tempo. Alimento com sorte, meia face da morte. Ávida de vida lenta e breve. Eu vou. Escolho o amor de novo e sempre.

Desvendei pedaço da estranheza.
Prestes a ser dona do meu lar: "que rei me beberá?"



Escrito por Leila Andrade 3:31 PM

 
3 de nov. de 2006



Há esta hora maiúscula de devorar silêncio, um corpo transbordando água suja.
Água de palavras.
Um enredo surdo, aguardando feroz, capítulo breve do medo, disfarçado de sílaba cotidiana.


Nunca quis evitar o perigo, não existem modos, porque a rua é assim infinita de temores, homem confundindo-se ao bicho que deita ao solo, no fundo do coração incerto, inconseqüente. Personagens tantos. Poesia confundida à realidade, dose elevada de confusão, vontade, somando-se tudo: título vida.

Poderia não ser nada disso, talvez algum cheiro de morte que assusta os transeuntes. Aqueles que param para olhar, aquelas que desejam sexo, aqueles curiosos, aquelas donas da alma.


Em poucos dias, o epílogo próximo: a história, eminentemente, reduzida a questões de respostas subjetivas.

“E olhamos o que fomos:
Sumos
Ligaduras terrenas
Mosaicos pontilhados de Loucura.”
(Hida Hilst)


Escrito por Leila Andrade 12:26 AM

 
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